O que é deflação?

Entenda como esse fenômeno afeta o seu dinheiro!

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Se você tem uma vida financeira ativa, provavelmente já ouviu falar sobre “inflação”, afinal, esse assunto é frequentemente abordado no Brasil e descreve uma desvalorização da moeda, acompanhada por uma diminuição do poder de compra. Por outro lado, o conceito que descreve a queda generalizada dos preços, a deflação, não é tão conhecido assim.

Por isso, neste artigo, vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre deflação!

O que é deflação?

Em poucas palavras, a deflação é a queda generalizada de preços de produtos e serviços, que acontece de forma contínua e por um longo período de tempo. Assim, quando há um recuo pontual dos índices de inflação em um ou dois meses, esse processo não se enquadra na deflação, visto que não permite aferir uma tendência.

Entretanto, não há um acordo entre os economistas acerca do tempo de duração do processo deflacionário: ele só é constatado quando passa a ser considerado uma tendência.

Além da longa duração, o processo de deflação deve ser generalizado e afetar uma grande variedade de produtos e serviços.

De acordo com Emerson Marçal, coordenador do curso de Economia da FGV, “Todos os preços precisam cair de forma sistemática para configurar deflação(…)Índice abaixo de zero em um mês não é considerado deflação”, explica.

Assim, a deflação ocorre quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda por eles, ou seja, nesse cenário, as pessoas não querem, ou não têm condições, de comprarem os itens à venda.

Esse processo também pode ocorrer quando há uma redução do volume de dinheiro em circulação: quando há menos moeda circulando, as compras são diminuídas e, por isso, ocorre uma diminuição nos preços.

Isso significa, então, que a deflação é o oposto da inflação.

Qual é a diferença entre deflação, inflação e desinflação?

Como você já pôde perceber, a deflação e a inflação descrevem movimentos opostos. Basicamente,

  • Inflação: aumento contínuo e generalizado dos preços,
  • Deflação: queda contínua e generalizada dos preços.

Dessa forma, a semelhança entre esses dois processos está justamente na sua constância e generalidade, o que não acontece com a desinflação.

A desinflação ocorre quando há um abrandamento da inflação, que diminui sem atingir um nível 0 ou negativo. Assim, ainda ocorre um aumento de preço durante esse processo, porém, ele é instável e não corresponde às expectativas baseadas em análises das tendências econômicas.

Quer dizer, então, que a deflação é boa?

Ao descobrir que a deflação significa a diminuição generalizada dos preços, é normal pensar que ela é boa para a economia. Quando isso ocorre de forma pontual, é sim positivo, afinal, quem não quer pagar menos?

Porém, a queda generalizada dos preços por tempo indeterminado pode ser muito negativa. Isso porque esse fenômeno pode estar atrelado a cortes de ganhos de comerciantes e prestadores de serviços, que procuram remediar uma falta de demanda.

A partir disso, é criado um ciclo vicioso: as pessoas esperam que os preços continuem a cair e adiam suas intenções de consumo, porque acham que podem pagar ainda menos no futuro. Com isso, a demanda continua a diminuir e a deflação se perpetua.

Para André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a deflação “é um processo que se realimenta pela mudança de expectativas”.

Assim, se um comerciante faz o seu estoque hoje com um determinado valor e é obrigado a vendê-lo futuramente por um preço menor, ele, claramente, sai no prejuízo.

Se os comerciantes não conseguem vender seus produtos, ele reduz e suspende suas encomendas e, dessa forma, a indústria corta ou para a produção. Se não há perspectiva de vendas, as empresas não investem, o que gera demissões e até mesmo falência dos negócios prejudicados.

Por isso, a deflação é um sinal de baixo crescimento econômico ou, até mesmo, de economia estagnada. Assim, ela é a precursora do aumento do desemprego, da queda do poder aquisitivo e da depressão das atividades econômicas.

Como a deflação é calculada?

A deflação é calculada como a inflação: a partir do IPCA, divulgado mensalmente pelo IBGE.  É com base nesse índice que o Banco Central define a política monetária do Brasil, que adota o regime de metas de inflação. Dessa forma, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta de IPCA. Para atingi-la, o BC, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), aumenta ou reduz a taxa básica de juros, a Selic.

O IPCA é calculado pelo IBGE ao medir o custo de uma cesta de itens que reflete os padrões de consumo das famílias brasileiras com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. Em um cenário de deflação, o IPCA fica negativo.

Como a deflação afeta os seus investimentos?

Como a deflação está associada a um desaquecimento da economia, ela pode ser acompanhada de prejuízos aos investimentos, principalmente aos de renda variável. Isso acontece porque todo o cenário econômico e toda a cadeia produtiva estão passando por uma depressão. Assim, a tendência é que as empresas em geral tenham uma queda na sua performance.

Dessa forma, investidores que tenham aplicações em títulos ou ações das empresas que faliram podem sair no prejuízo. 

Outro aspecto da deflação nos investimentos é que as aplicações em renda variável estão suscetíveis ao desequilíbrio geral da economia. Isso acontece porque tratam-se de fundos mais expostos à volatilidade do mercado. Assim, a depressão econômica afeta esses investimentos de forma muito negativa.

Por último, esse fenômeno aumenta os riscos das aplicações de renda fixa de modo que as instituições onde foram realizados os investimentos podem deixar de cumprir seus compromissos em relação aos títulos emitidos. 

Como se proteger da deflação?

A deflação pode ser evitada por meio da adoção de diferentes políticas econômicas. Os bancos centrais podem, por exemplo, reduzir as taxas de juros, facilitando o acesso ao crédito e, dessa forma, estimulando o consumo.

Além disso, para proteger os seus investimentos da deflação, considere as seguintes medidas:

  • Diversifique a sua carteira de investimentos para diminuir os riscos,
  • Aplique em fundos internacionais, de economias mais estáveis,
  • Fique sempre atento ao cenário econômico!

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